quinta-feira, 6 de março de 2008

A Lenda da Perereca da Prexeca Encantada - Parte IV


Na cabana não havia nenhum saneamento básico. Dr. Glauco costumava urinar no velho caldeirão em que cozinhava, mas as necessidades sólidas (às vezes nem tanto!) ele fazia em um pequeno cômodo à direita do fogão à lenha. Após várias visitas ao minúsculo cubículo, ele coletava os detritos esparramados no chão, com a ajuda de uma pequenina pá. Mas era o local em que ela tinha suas mais mirabolantes divagações. Sendo assim, pôs-se a pensar como contaria a história para PT:
- Não posso dizer-lhe tudo, mas posso tentar fazer com que ele compreenda... - divagou o guru.
Retornando à cozinha, Dr. Glauco tentou clarificar as sombrias dúvidas de PT:
- Caro discípulo, diz uma antiga profecia, que uma perereca azul silvestre padecia de uma estrondosa dor na prexeca. Ela coaxava sem parar na fechada mata próximo ao Rio Sapucaí Mirim. Certo dia, uma protuberância começou a crescer em seu ventre. Desesperada, a perereca saltou até as margens do rio e começou a coaxar: " Pê!... Pê!... Pê!... Tê! Tê!Tê!". De repente, uma bola fosforescente cruzou o horizonte. Ela era verde, oblonga, do tamanho de uma azeitona. Parecia um tipo de gás. Penetrou a pele da perereca e fez com que a protuberância, próxima a sua delicada prexeca estourasse! O caldo escorreu...
- Dr. Glauco! Que porra de pinga é essa? Tá "loco véio"?
- Meu caro, dizem que o caldo é fruto da fusão de Deuses extraterrenos com a divina inocência da virgindade expressa pela prexequinha da perereca.
- E daí? "Fedapóta?"
- Tome mais um gole desta poção e saberás o que te espera!
-Dá aí então!
PT respirou fundo, abriu seus pobres brônquios (já intoxicados pelo alcatrão da fumaça das fezes das éguas que ele insistia em inalar, fruto do trabalho nas fazendas como free lancer) e tomou um grande gole.
Sem pestanejar após a careta, PT mirou a prexeca da perereca e começou a explorá-la com sua temida língua saburrenta. Olhando para o lado ele ralhou:
- Dr. Glauco, a prexeca tá cheinha de terra!
- Por favor, meu caro. Não lamba o chão da minha sala. Preste mais atenção onde você põe sua língua!
- Num tô nem aí pro cê! Errei! "Mais que o cardu tá bão, tá!''
- Como você está se sentindo?
- Fedendo. Num bosteiro...
- Então vamô lá no bar do pai!...
continua...

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