segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

A Lenda da Perereca da Prexeca Encantada - Parte II

Por ter sido abandonado em um bosteiro, Elton era familiarizado com as criaturinhas que viviam na água ou perto dela. Mas aquela pererequinha em suas suas mãos era novidade. Encarou-a como um predador faminto prestes a atacar sua vítima quando, num súbito giro de pescoço, fitou seus colegas deitados, desmaiados, completamente dominados pelo caldinho da prexeca da perereca e pôs-se a pensar:
- Será que essa "fedapóta" mata? Mataaaa? Maaaataaaaa?
Parece que algo de inovador aconteceu em sua mente. O raciocínio lógico, a sensatez, a clarividência em ligar os fatos não faziam parte do cotidiano daquele rapaz franzino, quase esquelético, sem muitos atributos ou sinais de uma capacidade de cognição mais avançada. Sacou de seu "borná" e colocou a miúda perereca dentro dele. Passou então a tentar, desesperadamente, acordar seus colegas com a água da lagoa e desferindo sonoros tapas em suas faces:
- Acorda "fedapóta"!!!
Lentamente os caboclos foram recobrando suas consciências. Uma estranha sensação de bem-estar tomou conta de todos, exceto Elton. Adriano, Páris, e Ênio gargalhavam e se retorciam de tanto prazer. Elton somente olhava-os com desprezo, mas o medo da perereca estava instalado em seu coração.
- O que aconteceu? Cadê o bar do pai? - indagou Adriano.
- Sei lá, tá no "memo" lugar! - respondeu-lhe Elton.
- O quê "cu" feinho tá falando? - perguntou Páris.
- "Cu" feinho? O quê "cu" feinho tá falando? ahahahahaha! - delirou Ênio.
- Cala tua boca testudo! - esbravejou Adriano.
- Cala você Feinho! - disse Páris.
- Onde está a porra da perereca? Precisamos levá-la para a cidade! Talvez até estudá-la ou tentar fazer que ela se reproduza! - disse Ênio.
- Ela está sob a minha proteção! E ninguém, ninguém vai tocá-la sem a minha permissão! - avisou um Elton pensativo e ameaçador.
- Sendo que ela está protegida, vamos voltar ao acampamento que eu estou rachando de fome! - disse o faminto Testa de amolar machado.
Chegando ao acampamento, todos estavam em volta da fogueira, cada qual assando seu peixinho e deliciando-se com alguns brotos de bambú sem a tal gosminha azul. O silêncio era de doer. Não contente com a situação, Elton tomou uma grande decisão em nome do grupo:
- Amanhã bem cedo vamos para o Zoro Véio! Levaremos nossa amiguinha para ser examinada. Somente assim poderemos saber se ela faz "mar" pra gentiii.
- E quem vai examiná-la? - perguntou Páris.
- Ora quem? O Dr. Glauco!!! - respondeu Testa.

continua em breve...

Um comentário:

Brunno Mabub disse...

Acho que essa lenda é verdade...me lembro pois meu avô recebeu uma especie de uma carta em uma garrafa pelo mar...qaundo ainda o condado de BH tinha mar...e nela estava escrito muito rudimente:

"Sete bons homens de fino saber
Criaram a xoxota, como se pode ver
Chegando na frente, veio o Adriano açougueiro
Com a faca afiada, deu um talho certeiro
O bom Páris marceneiro, com dedicação
Fez furo no centro com malho e formão
Em terceiro um tal de Ênio alfaiate, capaz e moderno
Forrou com veludo o lado interno;
Leonardo,o caçador, chegando na hora
Forrou com raposa, a parte de fora
Em quinto chegou, Alan pescador
Esfregando um peixe, deu-lhe o odor
Em sexto,Gazela, um bom padre, da igreja daqui
Benzeu-a dizendo: "É só pra xixi!"
Por fim o Brunno marujo, zarolho e perneta
Chupou-a, fodeu-a e chamou-a...
Buceta!"

Bom...pelo menos era isso que meu avô me mostrou a muito, muito tempo atrás...Lendas...mistérios...