terça-feira, 6 de outubro de 2009

Perfil do Okut

PERFIL DO ORKUT
Quem sou eu: O que eu gostaria de ser? Quem eu gostaria de ser? O que eu gostaria de ter escrito? Como eu deveria ser? Questões implícitas são a constante neste espaço reservado para nos identificarmos, e geralmente nos privamos da verdade, do real, do concreto e reescrevemos textos de autores que consideramos politicamente corretos, que admiramos e que nos inspiram, tentando criar um espaço de sociabilidade e intimidade entre nossos “amigos orkutais”. Mas quem realmente somos?
Somos o que consumimos? Somos nossas angústias? Somos nossas mentiras? Somos nossa incapacidade? Somos nossa ira? Somos o que invejamos? Somos o que almejamos? Somos quem gostaríamos de ser? Talvez não tenhamos tais respostas, porém insistimos em tornar público o que não existe em nossa vida privada.
Ao nos descrevermos omitimos nossas agruras, nossas alegrias, nossas derrotas, nossas vitórias e discorremos sobre uma porção de coisas que não colocamos em prática em nossas vidas. A realidade é que ao nos reinventarmos, usurpando de palavras sábias e humanistas, a tentativa de nos mostrarmos próximos de quem nos é distante, internamente se frustra a cada idéia teorizada e não praticada. Temos uma considerável propensão de insubmissão à vida, que cada vez mais se autentica com a tentativa desenfreada de buscar a felicidade a qualquer custo. Insistimos em buscar a felicidade nas “coisas”, com o intuito de nos tornarmos apreciados e mais desejáveis e, acabamos por nos depreciar, valorizando o ser sentido que se tornou mais importante do que o ser que sente, e constatamos que a capacidade das pessoas em amar é ínfima diante do querer ser amado.
Sabemos que para a nossa graça, Deus não mudou e não muda, porém para a nossa decepção o homem também não mudou. Continuamos corruptíveis e apegados às coisas. Basta refletirmos sobre a questão do consumismo que podemos encontrar na crescente procura pela indústria de cosméticos e de mágicas rejuvenescedoras atuais, que se assemelham ao processo de mumificação no Antigo Egito e ao investimento dos reis medievais na alquimia, que era a ciência de alterar a natureza. É a busca pela beleza eterna, que seja eterna enquanto dure. Dessa maneira, o homem não se submete ao tempo, a vida, a Deus.
Vivemos numa sociedade em que manifestações de união ou comunhão são rotuladas de padronização ou de massificação, sociedade que valoriza a constante busca do “eu”: Eu sou isso, Eu sei fazer isso, Eu leio isso, Eu gosto disso, mas na realidade as pessoas não conseguem chegar a uma definição sobre si mesmo. Talvez seja essa uma evidência de crise dos “eus”. Ser único é mais importante. Não seria essa tendência uma padronização? Ao sermos diferentes nos tornamos mais expostos e observáveis e nos sentimos exclusividades, então o “nós” é desvalorizado, se torna careta e a espiritualidade é colocada de lado. Não podemos ter uma realização espiritual se não temos um engajamento social, uma atitude social. Nossa espiritualidade não se concretiza se permitimos que os que nos pareçam distantes, não sejam considerados nossos próximos, nossos semelhantes. O verdadeiro eu só se solidifica quando aceitamos nossa pequenez diante da magnitude de Deus.
“Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma cousa faço: esquecendo das cousas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”. (Filipenses 3:13,14).

Um comentário:

Unknown disse...

Mostra a cara Eder, Edinho do lot....um texto deste, como outros que acabei de ler da sua autoria, nao deve ficar nas sombras.....Deve ver o sol nascer!....
Mentes como a tua merecem as estrelas.
Tenho orgulho de ser seu amigo.
Glauco Viana